sábado, 9 de agosto de 2008

Eu acredito em internet

Há um tempo atrás, li no Meio&Mensagem uma coluna do meu amigo Michel Lent com o título “Eu não acredito em internet”. Ele falava, com toda propriedade, da desconfiança dos clientes sobre a efetividade do meio e da importância das métricas e da ROI sobre qualquer ação de internet. Concordo. Concordo tanto que queria tentar complementar.

A internet permite, sim, total mensuração de resultados, com relatórios que, de tão extensos, poderiam ser confundidos com a ficha policial de alguns candidatos à próxima eleição. Indignações político/criminais à parte, o fato é que podemos sim rechear nossos clientes com dados e mais dados em “real time” e ajustar os caminhos criativos ainda em curso. Ponto para a internet, ótimo.

Mas eu acho que nessa virtude do meio digital reside uma armadilha bem perigosa: se não tomarmos cuidado, viramos reféns dos números. E uma vez instaurada a ditadura dos algarismos, a classe que costuma ser mais oprimida é a dos inovadores. Sabe por que? Porque como é que você vai garantir para um cliente que uma ação inovadora, que ninguém nunca fez vai trazer todos os resultados numéricos que ele espera? Vamos ser honestos: não vai.

Outro dia, fui vender uma ação para um cliente diferente de tudo o que já vi. Quando ele me perguntou se ia dar certo, emendei:
- Acho que vai.
- Como assim acho?
- Acho. Não posso prometer.
- Por que não?
- Por que nunca vi nada assim, não tenho um histórico de referências, um case pra te mostrar. Mas que eu acho que vai, acho. E muito.
- Sei, mas você não tem certeza tem?
- Olha... eu tenho uma certeza sim.
- Qual?
- Que é legal pra caramba.
- (pausa)... Concordo, manda orçar.

Sei que esse diálogo é uma exceção. Diretores de marketing são constantemente pressionados a justificar suas decisões com números, benchmarks, estimativas, o que é válido e fundamental para o sucesso de uma estratégia de marca de longo prazo. Mas quando falamos de inovação, da necessidade de surpreender e seduzir pessoas de uma forma única, por que não deixar os números um pouco de lado e fazer coisas que são, além de pertinentes às necessidades das marcas, simplesmente legais?

P.s.: Pergunte ao Bogusky quantas coisas eles fizeram para o Burger King que não deram tanto resultado assim. A resposta vai ser: várias. Mas sem elas, certamente o Subservient Chicken ou o Whooper Freakout, que estouraram no mundo inteiro, também não existiriam.

Um comentário:

Raul Torres disse...

Moa, promete que você vai ensinar todos os cliente do mundo, pensarem assim? Promete? Rs.

Essa luta diária para provar que coisas legais são legais pelo simples fato de valorizar a marca, mesmo que no primeiro momento não encha os cofres, é que faz o nosso mercado cada vez mais interessante.

Abs.