domingo, 17 de maio de 2009

O que rolou no Mouse Awards 2009

Tive a honra de ser o representante do Brasil no júri do Mouse Awards esse ano, prêmio mundial de propaganda online da Microsoft, julgado em Londres. E agora que todos os prêmios foram divulgados, dá pra comentar um pouco do que rolou por lá. Foi uma experiência bem bacana, um júri de prima, alguns trabalhos duca e, Deus é pai, Londres com Sol.

Logo de cara o Simon, presidente do júri e DC da Poke, implementou umas regrinhas pra agilizar a bagaça. Primeiro aprendizado, meu e de quem mais botar fé: esqueçam o Tetris, o Space Invaders, o Pacman ou qualquer outro gamezinho retrô que possa ser subvertido para vender um conceito.

Esses games, é fato, costumam acumular energias paracinéticas nas profundezas das caixas de Atari e parecem ter encontrado um canal de fácil materialização em prêmios de propaganda. Tem de monte, na buena, já deu...

Outra interação recorrente que não rola mais é aquela de descortinar. Aquela, dos livrinhos que viram a página, do catálogo de produtos que seu cliente achava massa 4 aos atrás. Clássica! Pode rasgar também essa interação de sua lista. Era batata: pintava um Pitfall ou livrinho na tela e já se ouvia um neeeeext. Virou meio que regra lá, mas se você achar uma idéia boa a ponto de ser exceção, vá fundo, afinal em comunicação ninguém é dono da verdade mesmo.

Agora, falando um pouco do que vi de legal por lá, gosto muito de um trabalho da Lean Mean, que não foi premiado por ter sido avaliado apenas por seu banner (são julgadas peças veiculadas na rede Microsoft). É um curta metragem filmado sem nenhum ator em cena, pra divulgar o vôo Mumbai - LA, veja o case aqui.

O casting é todo feito pela Webcam e depois que os atores são selecionados, gravam as cenas finais também via webcam.

Conversei com o Dave, DC da Lean Mean, sobre como eles desenvolveram a ferramenta que simula um cromaqui na webcam, apagando o fundo e registrando apenas a pessoa. Ele falou que foi um processo de 3 meses, que primeiro a pessoa saía de cena e fotografava o fundo, depois entrava e tirava uma nova foto, o sistema comparava os pixels das duas imagens e gerava um padrão para mapear o shape do ator. Preguiça só de pensar... Mas como era o coração da idéia, eles tiveram que esperar ficar quase perfeito (perfeito é mesmo impossível, ele falou).

Gosto da idéia por ser um jeito novo de pensar, ser colaborativa e democrática, qualquer um com uma webcam poderia atuar no filme.

Gosto também de uma ação que sinaliza pra mim um pouco do futuro da nossa indústria, veja aqui. Ela vai além da publicidade, mesclando conteúdo e serviço em tempo real. É um robô no Messenger criado para divulgar um seriado de muito sucesso entre jovens ingleses, chamado Skins. Você adiciona o seriado como amigo no MSN e começa a receber informações sincronizadas com o programa que está passando na TV, ao vivo.

Durante uma das cenas você recebe o nome da trilha de fundo que está tocando, em outra uma fofoca sobre quantas vezes a cena precisou ser gravada, e no intervalo ainda pode assistir na janela do Messenger a cenas extras, gravadas exclusivamente para a audiência online. Smart! Os caras entenderam como a geração multitask consome conteúdo e acertaram em cheio. Ganhou ouro e, apesar da direção de arte não encantar, seria o meu Grand Prix.

Grand Prix que acabou saindo para essa campanha aqui para um banco, que também é muito bacana, mas na minha opinião, menos surpreendente.

Por fim, vou falar de um trabalho que não foi julgado, mas que me foi mostrado por um dos jurados que conheci lá, Naoki Ito, um japa maluco como todo bom japa maluco. Adoro a direção de arte e acho um exemplo perfeito de uma ação de convergência, pois os caras poderiam ter feito apenas o filme.

Mas foram além e fizeram a ação inteira.

E aí fica tudo muito maior, veja a mobilização das pessoas na internet, a expectativa pelo desfecho, o acompanhamento passo a passo de cada etapa, a transmissão ao vivo o tempo todo, a surpresa final com a revelação do produto. Veja como o raciocínio convergente transforma 30 segundos em 30 dias de cobertura da mídia, multiplicando e potencilizando o alcance da ação. É a convergência potencializando uma boa idéia

Além disso, 3 peças brasileiras foram merecidamente premiadas com prata, bronze e bronze.

É isso, paro por aqui, espero ter dividido alguns aprendizados, e parabenizo a galera da Microsoft pela organização e seriedade do evento, de altíssimo nível. Cheers ; )

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